terça-feira, 16 de dezembro de 2008




Tudo que escrever aqui.. não é algo inédito.. algo que não saibas já..

Mas, são meras palavras.. não contam como os gestos.. são apenas.. palavras!

És a pessoa que, para te descrever, precisava duma vida..

És a pessoa que toda gente ama, mesmo antes de a conhecer..

Aquela pessoa que toda gente gostaria de ter como amiga..

A tua bondade e inocência.. a forma como mostras a tua amizade.. a sinceridade e honestidade que partilhas com as pessoas.

Tudo em ti é formidável.. mesmo aqueles momentos em que fazes birra por tudo e por nada e eu me enervo.. mesmo esses momentos.. são especiais. Todo o passado ao teu lado, é especial.

Desculpa-me se as vezes sou parva e não percebo as coisas.. apenas tenho uma maneira de pensar que nem toda gente percebe.

Desculpa se te magoo por vezes, para te abrir os olhos.. Acredita que é para teu bem.

Desculpa quando choro por quem não merece.. só porque não te quis dar ouvidos..

Para mim, a tua amizade é fundamental..

Posso ter errado algumas vezes.. posso ter feito promessas que não cumpri.. e não me orgulho disso..

Mas, no fundo.. eu não te consigo deixar, não quero perceber a ideia de que não faço parte da tua vida.

Os nossos momentos.. os risos.. as histórias inventadas.. as noitadas.. é tudo coisas para mais tarde lerembrar.

Por essas e por outras, seremos amigas para sempre.


Amo-te, Natalia.

És uma boa amiga.{#}

«Terás tempo para perceber o tempo

Os dias, as noites de feitios e formas deliciosas

Porque no momento,

Abre-se uma porta para um campo coberto de rosas»

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Extracto do livro "Tanto que eu não te disse" - Marta Gautier






- Gostas de mim? - Gosto. - Gostas como? - Gosto de estar contigo. De falar contigo. - Queres namorar? - Não.
- Porquê?
- Porque já não ia ser igual.
- Igual?
- Sim. Igual ao que temos agora.
- Porquê?
- Porque o princípio é sempre a parte melhor.
- Queres ficar sempre no princípio?
- Se for possível...
- Então, não queres ter ninguém para sempre...
- Talvez não.
- És complicada.
- Se não namorar sou menos.
- Tens medo que eu não goste da tua complicação?
- Tenho a certeza que não vais gostar.
- Como é que sabes?
- Porque acho que conheço alguma coisa das pessoas.
- Achas?
- Talvez.
- E do amor?
- Conheço pouco.
- Então, também não podes conhecer muito das pessoas.
- Talvez tenhas razão, mas não me apetece discutir isso agora.
- Então o que queres discutir?
- Nada. Só ficar assim a olhar para quem passa e falar de banalidades.
- Queres falar de banalidades para sempre?
- Não. Podemos falar de assuntos importantes, desde que não seja sobre nós.
- Assim não vão ser importantes.
- Para ti é essencial falar de nós?
- É.
- Para quê?
- Porque gosto de ti. Achas pouco?
- Acho muito. Por isso não vamos deitar tudo a perder.
- A perder?
- Sim. Se começamos a falar de nós fica tudo complicado e os problemas aparecem.
- Problemas como?
- Vais querer saber como foi a minha vida. Vamos cobrar um ao outro. Vais querer fazer amor comigo só porque achas que tens direito.
- Direito? Só fazemos amor se quiseres!
- Mentira. Só dizes isso porque estás muito romântico agora, mas depois... Depois vais começar a tocar-me, a sentir desejo...
- E então?
- Então? Então eu vou sentir-me na obrigação de fazer amor contigo para que não me aches esquisita.
- Tu fazes amor para que não te achem esquisita?
- Faço amor para me acharem normal. Dá-me um cigarro.
- Estás nervosa?
- Sim. Estou a fazer um esforço por ser sincera e não estou habituada.
- Não gostas de sexo?
- Mais ou menos.
- Então?
- Sinto-me a pecar quando o faço.
- A pecar?
- Sim. Como se estivesse a fazer qualquer coisa contra Deus ou contra os meus pais. A pior parte é quando acaba. A outra pessoa fica feliz e eu com vontade de chorar. Às vezes choro e digo que é de emoção, mas é mentira. Depois visto-me logo. Sinto-me suja quando estou nua. Não gosto de me ver nua.
- Não?
- É uma sensação estranha. O sentimento de pecado. Só estou bem quando estou vestida.
- Deves sofrer com isso.
- Muito. Gostava de sentir aquela beleza, aquela transcendência de que todos falam quando descrevem o sexo. Sinto-me uma prostituta.
- Porque é que achas que isso acontece?
- Deve ter a ver com o facto de me terem culpado tanto por me terem visto aos beijos com um rapaz quando era muito nova. A partir daí, acreditei que tudo o que tivesse a ver com o sexo oposto e com o corpo tinha de ser em segredo e era pecado. Acho que desde esse dia me sinto uma puta clandestina que é desmascarada cada vez que se deita com alguém. Acho que é isso. Sinto-me sempre uma puta.
- Por isso é que dizias que ias fazer comigo por obrigação?
- Talvez. As putas fazem porque tem de ser. Não há prazer, mas elas fingem.
- Tu finges?
- Sim.
- Se não queres namorar comigo porque me contas tudo isso?
- Exactamente por não querer namorar contigo é que te conto. Com este desabafo já ficou definido que somos amigos. Além disso, deves ter passado a achar-me estranha, por isso vais preferir ser meu amigo a namorar.
- Então só desabafaste para fazer definições... Foi também uma obrigação. Tiveste prazer em contar-me essas coisas?
- Não muito. Ainda nos conhecemos há pouco tempo.
- Então para que te obrigaste a contar?
- Para ver se conseguia falar sobre o assunto e para ver se me sabia bem.
- Então forças-te? Assim como te forças a fazer amor. Tu violas-te, sabias?
- És capaz de ter razão.
- Estás a chorar?
- Quase.
- Fui muito duro contigo.
- Não. Eu é que fui dura comigo. Vou-me embora. Não sei lidar comigo, quanto mais contigo...

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008






Não somos cor de rosa. Não temos estrelinhas nos olhos nem os pés assentes nas nuvens. Dizem mal de nós por aí, ouvi dizer que ouviram dizer mal de nós ... Importaste?
Não temos asinhas para voar, nem ouvimos sinos quando damos beijinhos. Não és o príncipe encantado, nem eu sou princesa ou fada. Riem-se de nós por aí, ouvi dizer que ouviram rirem-se de nós ... Importaste? Temos os pés assentes na terra dura, no chão frio, onde nos deitamos à noite a ver as estrelas que caiem do céu, não para nós, mas para toda a gente. Temos a pele castanha escura, reflexo de um sol que brilha todos os dias, dias que não são nossos, são do mundo. Viajamos de balão. Ouvimos música aos berros. Viramo-nos para dentro e procuramos coisas dentro de nós. Quando me pegas na mão e me levas para o teu mundo, não há lá nada de diferente ... Eu. Tu. Chão frio ... Estrelinhas. Música. Sol. Nuvens ...
Ouvi dizer que há príncipes encantados no mundo das outras meninas. E que tu não andas por lá ...
Que sentido terá um mundo sem ti?